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"O Senhor te abençoe e te guarde,
O Senhor sobre ti levante o seu rosto ...
e te dê a Paz."
Myrtes
Mathias
Não é
preciso que percorras as estradas
cobertas
de pó, as ruas piçarradas,
os
trilhos que se perdem na floresta,
para que
conheças o drama que se desenrola
dentro de
cada choupana,
no
recôndito de cada coração.
Do alto,
onde reinas,
podes ver
os risos e os soluços,
os
cânticos e as lágrimas.
Não é
poético que nesse instante de silêncio
eu Te
procure para pedir algo material,
muitas
vezes considerado vil.
Acontece,
Senhor, que o mesmo metal
que
compra consciências e corrompe vidas
afasta o
fantasma da fome, da miséria e da dor.
Pode ser
bom passar privações,
como é
para o ouro o calor do cadinho
que o
purifica, mas eu temo, Senhor,
por
aqueles que deixaram tudo para Te seguir.
São
arautos do espírito, pescadores de almas,
guardiães
de bens eternos, mas habitam um corpo
que exige
abrigo e alimento.
Não posso
imaginá-los anunciando o Pão da vida
com
estômagos vazios;
pregando
Teu amor de Pai,
e sem
recursos para atenderem aos filhos pequeninos;
prometendo,
em Teu nome, uma morada no céu
e não
tendo na terra uma casa decente para morar.
Sobretudo,
Senhor, receio que as provações
venham a
fazer vacilar a fé dos mais fracos.
E isto é
mais terrível que a fome, a sede,
o medo, a
dor.
Sei que a
certeza de uma grande pérola
no fundo
do oceano enriquece de esperança
todos os
mergulhadores,
mas é
preciso que haja
o
necessário para que os pescadores
se atirem
uma vez mais ao mar.
Como o
salmista,
não Te
peço que lhes dês em demasia,
mas não
fica bem, Senhor, implorar a homens
quem tem
Pai tão rico.
Gostaria
de ver teus arautos preocupados apenas
em
combater o inimigo, sem temores e sem privações.
Por isso,
Senhor,
venho
bater à porta dos teus eternos celeiros.
Bem pode
ser que não tenhamos sido despenseiros fiéis
na
administração daquilo que nos deste,
por isso
apelo à misericórdia, e não à justiça;
esquece
nossa imperfeição
e abre as
janelas do céu
para que
se repita o milagre de Sarepta:
que da
sua pobreza tire o teu povo azeite e farinha
para que
haja fartura na casa dos teus arautos
e na casa
dos que sustentam as cordas
jamais se
esvazie a panela e se seque a botija.
Tu sabes
onde estão os tesouros da terra:
no fundo
das minas ou no coração dos homens,
não
importa.
Basta um
gesto Teu,
para que
minha prece seja atendida.
Faze-o,
pois, Senhor,
para
salvação de minha gente,
alegria
de teus embaixadores
e glória
de Teu Filho,
em nome
de Quem Te entrego
a causa
do Teu reino,
que é de
todos nós.
Amém.